quarta-feira, julho 16, 2008

Acabou


segunda-feira, maio 26, 2008

Teste sobre o Memorial do Convento

Grupo I
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Nove anos procurou Blimunda. Começou por contar as estações, depois perdeu-lhes o sentido. Nos primeiros tempos calculava as léguas que andava por dia, quatro, cinco, às vezes seis, mas depois confundiram-se-lhe os números, não tardou que o espaço e o tempo deixassem de ter significado, tudo se media em manhã, tarde, noite, chuva, soalheira, granizo, névoa e nevoeiro, caminho bom, caminho mau, encosta de subir, encosta de descer, planície, montanha, praia do mar, ribeira de rios, e rostos, milhares e milhares de rostos, rostos sem número que os dissesse, quantas vezes mais os que em Mafra se tinham juntado, e de entre os rostos, os das mulheres para as perguntas, os dos homens para ver se neles estava a resposta, e destes nem os muito novos nem os muito velhos, alguém de quarenta e cinco anos quando o deixámos além no Monte Junto, quando subiu aos ares, para sabermos a idade que vai tendo basta acrescentar-lhe um ano de cada vez, por cada mês tantas rugas, por cada dia tantos cabelos brancos. Quantas vezes imaginou Blimunda que estando sentada na praça duma vila, a pedir esmola, um homem se aproximaria e em lugar de dinheiro ou pão lhe estenderia um gancho de ferro, e ela meteria a mão ao alforge e de lá tiraria um espigão da mesma forja, sinal da sua constância e guarda, Assim te encontro, Blimunda, Assim te encontro, Baltasar, Por onde foi que andaste em todos estes anos, que casos e misérias te aconteceram, Diz-me primeiramente de ti, tu é que estiveste perdido, Vou-te contar, e ficariam falando até ao fim do tempo.
Milhares de léguas andou Blimunda, quase sempre descalça. A sola dos seus pés tornou-se espessa, fendida como uma cortiça. Portugal inteiro esteve debaixo destes passos, algumas vezes atravessou a raia de Espanha porque não via no chão qualquer risco a separar a terra de lá da terra de cá, só ouvia falar outra língua, e voltava para trás. Em dois anos, foi das praias e das arribas do oceano à fronteira, depois recomeçou a procurar por outros lugares, por outros caminhos, e andando e buscando veio a descobrir como é pequeno este país onde nasceu, Já aqui estive, já aqui passei, e dava com rostos que reconhecia, Não se lembra de mim, chamavam-me Voadora, Ah, bem me lembro, então achou o homem que procurava, O meu homem, Sim, esse, Não achei, Ai pobrezinha, Ele não terá aparecido por aqui depois de eu ter passado, Não, não apareceu, nem nunca ouvi falar dele por estes arredores, Então cá vou, até um dia, Boa viagem, Se o encontrar.
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Apresente, de forma bem estruturada, as suas respostas aos itens que se seguem.
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1. Baseando-se nos três primeiros períodos do texto, indique duas características da percepção que Blimunda vai tendo do tempo, enquanto procura Baltasar.
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2. Releia a narrativa, a partir de “e andando e buscando”.
2.1. Identifique duas das vozes aí presentes, exemplificando cada uma das vozes por si indicadas com duas transcrições do texto.
2.2. Explicite duas das funções das falas contidas neste excerto.
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3. Refira cinco dos traços caracterizadores de Blimunda, fundamentando-se no texto.
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4) Escolha uma das seguintes propostas de comentário:
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a) «Memorial do Convento [...] traça do século XVIII uma visão extraordinária.»
Oscar Lopes, «Romancista por Vocação», in Diário de Noticias, 9 de Outubro de 1998
Partindo desta opinião de Óscar Lopes, apresente, num texto de sessenta a cem palavras, o aspecto para si mais marcante do século XVIII português, tal como é evocado no romance de Saramago.
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b) «Bliimunda representa um elemento mágico não explicado.»
José Saramago, D Jornal, 28.01.1983
Comente o juízo crítico apresentado, fundamentando-se na sua experiência de leitor. Redija um texto expositivo-argumentativo bem estruturado, de cem a cento e cinquenta palavras.

c) “... a História é neste universo saramaguiano submetida a um peculiar tratamento. Não se trata, com efeito, de reproduzir fielmente os inabaláveis factos da História, mas, pelo contrário, de aproveitar acontecimentos e figuras que, mesclados com a imaginação (re)criadora do autor viabilizam a construção de uma História marginal à versão oficial.”
in Memorial do Convento, História, Ficção e Ideologia de Ana Paula Arnaut
Elabore uma dissertação em que aborde de forma desenvolvida e fundamentada a questão do papel da História no processo de construção do romance.
In “Português 12º o essencial” – Edições Asa
Grupo II
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FMI reconhece que globalização gerou contenção salarial nos países mais ricos
A oferta de mão-de-obra no mercado mundial quadriplicou em 25 anos. Em países como Portugal, o impacto é a contenção nos salários e no emprego.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) reconheceu, pela primeira vez, que o processo de globalização e, em particular, o aumento da mão-de-obra disponível na economia mundial estão a acentuar a desigualdade na distribuição de rendimentos nos países mais ricos e a provocar contenção salarial. (...)
Num estudo (...) publicado, a entidade (...) calcula que, durante os últimos 25 anos, a força de trabalho que,compete nos mercados internacionais mais do que quadriplicou, com a maior parte da subida a registar-se já depois de 1990. A abertura das economias asiáticas e do Leste europeu ao exterior foram o principal motor deste aumento de mão-de-obra disponível e que é, na sua maioria, pouco qualificada.
O impacto deste fenómeno nos países ricos, sentido através de mais importações, deslocalizações da produção e imigração, é a contenção nos salários e na criação de emprego. "A globalização é um dos factores que têm levado à redução da parte do rendimento que é distribuído pelo factor trabalho nos países avançados", afirma o relatório.
Vários economistas têm vindo a assinalar que o aumento dos lucros registados pelas empresas do mundo desenvolvido não tem sido acompanhado por ganhos semelhantes por parte dos trabalhadores por conta de outrem. E alertam para a possibilidade de poderem regressar às políticas económicas proteccionistas, se não se resolver esta situação.
Nos Estados Unidos, alguns dos candidatos mais bem-sucedidos nas últimas eleições para o Congresso defenderam a aplicação de medidas que dificultem a entrada em massa de produtos chineses no país, alegando que estavam a prejudicar o mercado de trabalho interno. Na Europa, vários governos têm pressionado a Comissão Europeia para rever os acordos assinados com a China relativamente à importação de vestuário e calçado.
Portugal é nesta matéria um dos países mais afectados, uma vez que o peso das indústrias de mão-de- -obra intensiva é muito elevado. A sequência de deslocalizações de unidades produtivas, tanto no vestuário e calçado como no sector automóvel, tem contribuído para que se tivesse sentido no país, durante os últimos dois anos, uma forte contenção salarial. (...)
Apesar de reconhecer este efeito negativo, o FMI faz questão de salientar (...) que os trabalhadores dos países mais ricos também retiraram vantagens da globalização. "Estão a beneficiar do maior bolo económico que agora existe, embora a sua parte nele tenha diminuído", afirma. Defende de igual modo que, para além da globalização, outros factores têm contribuído para o agravamento da desigualdade, nomeadamente as rápidas transformações tecnológicas.
O FMI recomenda que, para fazer face ao impacto na "distribuição do rendimento", os países devem apostar na educação e fortalecer o sistema de segurança social.
Sérgio Aníbal, in Público, 6 de Abril 2007 (adaptado)
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1. Classifique como verdadeira (V) ou falsa (F) cada uma das seguintes afirmações, de acordo com o sentido do texto.
a) No primeiro parágrafo, o enunciador parte de um fenómeno geral para seguidamente a especificar um aspecto desse mesmo fenómeno.
b) A disponibilidade de mão-de-obra é inversamente proporcional aos ganhos dos trabalhadores por conta de outrem.
c) A expressão "Vários economistas" (l. 12) qualifica a posição apresentada como uma visão especializada, o que lhe confere um valor de autoridade.
d) Uma das consequências políticas da globalização é a tendência para o abrandamento na adopção de políticas de cariz proteccionista.
e) Portugal é afectado pelo fenómeno do mesmo modo que a generalidade dos países.
f) De acordo com o FMI, assiste-se actualmente a uma diferente distribuição de um volume de riqueza que, efectivamente, cresceu.
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2. Faça corresponder a cada um dos cinco elementos do Grupo A um elemento do Grupo B.
Grupo A
1. A sequência FMI
2. O vocábulo "deslocalizações"
3. A perífrase verbal "têm vindo a assinalar”
4. A expressão "Apesar de reconhecer"
5. O último parágrafo do texto
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Grupo B
a) apresenta uma actualização da modalidade deôntica.
b) expressa um nexo lógico de consequência.
c) é formado por meio de afixação.
d) exemplifica um processo de siglação.
e) relativamente à sua caracterização, veicula um valor aspectual pontual.
f) relativamente à sua caracterização, veicula um valor aspectual durativo.
g) expressa um nexo lógico de concessão.
h) apresenta uma actualização da modalidade apreciativa.
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3. Reescreva as frases seguintes, respeitando as indicações fornecidas em cada alínea:
a) iniciando a frase por "Caso"
"Vários economistas f...J alertam para a possibilidade de poderem regressar às polfticas econômicas proteccionistas, se não se resolver esta situação. "
b) iniciando a frase por "Como":
"Portugal é nesta matéria um dos países mais afectados, uma vez que o peso das indús- trias de mão-de-obra intensiva é muito elevado."

4. Leia atentamente a sequência textual seguinte:
O impacto da globalização nos países ricos, sentido através de mais importações, deslocalizações de produção e imigração, é a contenção nos salários e na criação de emprego. A globalização é um dos factores que têm levado ao aumento da parte do rendimento que é distribuído pelo factor trabalho nos países avançados.
1.1. Explique por que razão podemos afirmar que nela é desrespeitada a regra da não contradição.
In “ Testes de Avaliação 12.º ano – Português” – Porto Editora
GRUPO III
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Escolha uma das seguintes propostas de produção escrita:
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A) “A religião nasce da necessidade de entender um universo que escapa à nossa compreensão por causa da sua complexidade profunda e ordenada. A religião agiu, nos melhores períodos da civilização humana, para complementar a nossa compreensão científica dos fenómenos naturais. Pode e procura dar respostas às perguntas que são demasiado difíceis para a ciência responder. Apresentando um conjunto de orientações e de rituais como contrapeso ao lado destrutivo da natureza humana, as religiões do mundo com sucesso impediram, mais ou menos, a humanidade de se desmoronar no caos e no barbarismo.”
Nikos A. Salíngaros, "Anti-arquitectura e religião" (trad. revista por Hermínio Rico SJ), in Brotéria, 155 (Novembro de 2002), Lisboa
Numa dissertação, de 200 a 300 palavras, discuta esta tese de Salíngaros, expondo um ponto de vista devidamente fundamentado sobre o tema: A religião.
Com o texto da sua dissertação, deverá apresentar o respectivo plano.

B) O World Water Development Report (…) sustenta que, neste princípio de século, a Terra já está a viver uma ‘séria crise da água', que tende a piorar, a não ser que se faça algo, e rapidamente. Esta crise gira sobretudo em torno da escassez de água, embora a poluição seja um dos principais motivos que contribuem para a menor disponibilidade dos recursos hídricos.
Ricardo Garcia, Sobre a Terra, Lisboa, in Público, 2004
Numa dissertação, de 200 a 300 palavras, discuta esta tese, expondo um ponto de vista devidamente fundamentado sobre o tema: A importância da água.
Com o texto da sua dissertação, deverá apresentar o respectivo plano.
In “Preparação para o Exame Nacional 2006 – Português” – Porto Editora

Memorial do Convento de José Saramago

"Em Memorial do Convento há dois grupos antagónicos de personagens: a classe opressora, representada pela aristocracia e alto clero, e os oprimidos, o povo. No primeiro grupo destaca-se a actuação do Rei, enquanto que no segundo, além de Baltasar e Blimunda, se integram o padre Bartolomeu Lourenço de Gusmão, perseguido pela Inquisição, pela modernidade do seu espírito científico, e Domenico Scarlatti que, pela liberdade de espírito e pelo poder subversivo da sua música, é uma figura incómoda para o Poder. É ainda importante referir que, em Memorial do Convento, as personagens históricas convivem com as fictícias, conduzindo à fusão entre realidade e ficção."
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Material de estudo

Teste os seus conhecimentos

sábado, maio 24, 2008

Estrutura do teste de avaliação do 12.º ano - 29/5/2008

Grupo I - 100 pontos;
Grupo II - 50 pontos;
Grupo III – 50 pontos .
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GRUPO I
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A)
1. Um texto da obra Memorial do Convento de José Saramago.
1.1. Perguntas de interpretação:
a) Contextualização na estrutura do texto narrativo a que pertence;
b)Explicação e interpretação de sentidos textuais e de símbolos específicos, tendo em conta a globalidade da obra a que pertence;
c) Caracterização das personagens, tendo como referência o texto apresentado e articulando com outros excertos (quando solicitado)
d) Identificação de figuras de estilo, justificando o seu valor expressivo.
e) Explicitação da especificidade das categorias narrativa: acção, personagens, tempo, espaço e narrador.
f) Identificação de elementos no texto que caracterizem a linguagem e o estilo de Saramago.
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B) 2. Produção de um texto (sessenta a cento e vinte palavras) sobre o Memorial do Convento, partindo de uma imagem ou de um comentário.
· Classificação do romance
· Contextualização
· A intencionalidade satírica
· A dimensão simbólica do romance.
· A arquitectura do romance.
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Grupo II
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1. Texto informativo
  • Questões sobre funcionamento da língua: articuladores do discurso e respectiva classificação; análise frásica ( frase simples/frase complexa; frase finita/frase não finita; coordenação/subordinação); funções sintácticas; actos ilocutórios; expressões deícticas.
  • Exercício de coesão e coerência textual, respeitando os princípios de não contradição, não tautologia (tautologia – informações que repetem em termos idênticos ou equivalentes aquilo que já foi dito, não acrescentando nada de novo), da relevância, da continuidade temática e da progressão semântica.
  • Explicitação dos valores semânticos do aspecto e da modalidade.


GRUPO III
Produção de um texto de reflexão, de acordo com as directrizes apresentada;
É obrigatória a apresentação de um plano-guia.

domingo, abril 13, 2008

Testes sobre "Felizmente Há Luar"

Texto do Felizmente Há Luar! (da página 135 à 140)
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Questionário 1
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1. Indique as razões invocadas por Sousa Falcão para o seu luto.
2. Explicite o sentido da frase: «Há homens que obrigam todos os outros homens a reverem-se por dentro...».
3. Refira a função de cada um dos dois tipos de texto que acompanham o diálogo: notas à margem e indicações dadas entre parênteses.
4. Descreva, com base no excerto transcrito, os traços caracterizadores de Gomes Freire.
5. Comente a evolução que se regista na atitude de Matilde.
In Exame Nacional de Português B – 2001 – 1.ª fase
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Questionário 2
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1. De entre as afirmações seguintes, identifique, através da alínea respectiva, aquela que completa a frase de modo adequado ao sentido do texto.
1.1. A saia verde que Matilde vestiu no momento da execução do marido simboliza…
a) o amor entre ambos.
b) a esperança de que ele não morra.
c) o desejo de regressar a Paris.
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1.2. Sousa Falcão vestiu-se de negro, porque estava de luto…
a) pelo amigo.
b) por si próprio.
c) por todos quantos foram executados.
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1.3. Sousa Falcão afirma não ser amigo de Gomes Freire, porque…
a) este o decepcionou, devido à sua conduta ousada.
b) receia ser identificado com o general.
c) não foi condenado à morte juntamente com o general.
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1.4. A frase «Há homens que obrigam todos os outros homens a reverem-se por dentro…» significa que…
a) há homens que, pelo seu exemplo de coragem, obrigam os outros homens a porem-se em causa e a questionarem-se.
b) há homens que, pela sua ousadia, obrigam os outros homens a condená-los para restabelecer a ordem.
c) há homens que, pela sua ousadia, obrigam os outros homens a considerar-se inferiores.
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1.5. Segundo Sousa Falcão, Gomes Freire de Andrade é um homem…
a) idealista, embora lutador e corajoso.
b) idealista, lutador e corajoso.
c) idealista, mas lutador e corajoso.
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1.6. As notas à margem do texto principal…
a) referem alterações na iluminação.
b) marcam as pausas, o tom de voz, os gestos e os movimentos cénicos das personagens.
c) constituem comentários que interpretam, enquadram e explicitam cenicamente as atitudes e as falas das personagens.
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2. "A nobreza moral de Matilde aproxima-a da trajectória de uma heroína trágica."
In História do Teatro Português de José Oliveira Barata
2.1. Considere o juízo crítico apresentado e comente-o, fundamentando-se na sua experiência de leitura. Redija um texto expositivo-argumentativo bem estruturado, (de cem a duzentas palavras).
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3. Na peça Felizmente Há Luar! Assumem particular relevância o tema da opressão e o efeito cénico da luz.
Fazendo apelo à sua experiência de leitura, apresente, de entre os dois aspectos referidos, aquele que para si se revelou mais significativo nesta obra de Luís de Sttau Monteiro. Desenvolva a sua opinião num texto expositivo-argumentativo bem estruturado, de cem a duzentas palavras).
In Português – O Essencial do 12.º - Edições Asa
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Questionário III
No manual Plural (na página 347) – Lisboa Editora
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Questionário IV
1. Partindo das imagens propostas, redija um texto expositivo-argumentativo bem estruturado (de cem a duzentas palavras) sobre Felizmente Há Luar!.

Grupo II
Funcionamento da Língua
Texto
Com a entrada da pessoa humana na História, deu-se um salto que deixou "traços ncomparáveis na História das Ideias". Sem esta valorização nitidamente cristã da pessoa enquanto tal, "a filosofia dos direitos do homem a que estamos tão ligados hoje nunca teria visto o dia".
O cristianismo proclamou uma ideia então inaudita: contra a Cidade grega, fundada na escravatura, afirmou que "a Humanidade é fundamentalmente una e que os homens são iguais em dignidade".
Esta noção de igual dignidade de todos os seres humanos põe a liberdade como fundamento da moral. Enquanto as grandes cosmologias gregas colocavam a natureza como norma, derivando daí um universo aristocrático, já que a natureza é profundamente hierarquizada e desigualitária, para o cristianismo as desigualdades naturais não têm importância - a dignidade dos seres humanos é a mesma e assenta na liberdade e não nos talentos naturais. O que decide o que é moral e imoral não são os dons naturais, mas o uso que deles se faz.
Assim, "talvez pela primeira vez na História da Humanidade, é a liberdade e não já a natureza que se torna o fundamento da moral". E precisamente a ideia de dignidade igual de todos, que também surge pela primeira vez, está na "origem da democracia moderna".
Tanto assim é que ainda hoje "as civilizações que não conheceram o cristianismo têm grandes dificuldades em dar à luz regimes democráticos".
Neste enquadramento, surge a consciência de que, no plano moral, "o espírito é mais importante do que a letra, o 'foro interior' mais decisivo do que a observância literal da lei da Cidade, que não passa de uma lei exterior".
Deste modo, entra em cena a ideia moderna de Humanidade. Já não há senhores e escravos e o "bárbaro" no sentido de estrangeiro tende a desaparecer a favor da afirmação de que há uma só Humanidade: o cristianismo é "a primeira moral universalista".
Se o Logos encarnou numa pessoa, então o amor é mais forte do que a morte. Tradicionalmente, o eu estava votado a dissolver-se no grande Todo impessoal, mas o cristianismo promete a imortalidade da pessoa na ressurreição dos mortos, garantida pelo Deus que é Amor e que pede o amor entre todos os homens. Assim, afirmar que o cristianismo despreza a carne é "inexacto". Não afirma ele que o divino se tornou carne em Cristo e não promete ele a salvação enquanto ressurreição da pessoa toda em corpo?
Anselmo Borges, DN
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1. De entre as afirmações seguintes, escolha, identificando através da alínea respectiva, a hipótese que corresponde à alternativa correcta.
1.1. Na expressão "Tradicionalmente, o eu estava votado a dissolver-se no grande Todo impessoal", a expressão destacada pertence à:
a) conjugação pronominal reflexa;
b) conjugação pronominal;
c) conjugação perifrástica;
d) conjugação verbal simples.
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1.2. A expressão «contra a Cidade grega, fundada na escravatura, afirmou que “a Humanidade é fundamentalmente una e que os homens são iguais em dignidade"» contém:
a) um acto ilocutório directivo;
b) um acto ilocutório assertivo;
c) um acto ilocutório compromissivo;
d) um acto ilocutório expressivo.
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1.3. A forma verbal "há" (sublinhada no texto) está no:
a) futuro do indicativo;
b) presente do indicativo; ;
c) pretérito imperfeito do indicativo;
d) imperativo.
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1.4. O adjectivo da expressão "o amor é mais forte do que a morte" está no grau:
a) superlativo relativo de superioridade;
b) normal;
c) comparativo de superioridade;
d) superlativo absoluto sintético.
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1.5. As expressões destacadas em "Não afirma ele que o divino se tornou carne em Cristo e não promete ele a salvação enquanto ressurreição da pessoa toda em corpo?" são respectivamente:
a) uma oração relativa restritiva, uma oração coordenada copulativa e uma oração subordinada adverbial temporal;
b) uma oração substantiva completiva, uma oração coordenada disjuntiva e uma oração subordinada adverbial temporal;
c) uma oração relativa explicativa, uma oração coordenada copulativa e uma oração subordinada adverbial temporal;
d) uma oração substantiva completiva, uma oração coordenada copulativa e uma oração subordinada adverbial temporal.
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2. Faça corresponder aos elementos da grupo A um elemento da grupo B, de modo a obter informações verdadeiras.
Grupo A
1) Com a expressão "O cristianismo proclamou uma ideia então inaudita",
2) Com a expressão "Já não há senhores e escravos e o bárbaro no sentido de estrangeiro",
3) Com a expressão "Se o Logos encarnou numa pessoa, então o amor é mais forte do que a morte.",
4) Com a expressão "O que decide o que é moral e imoral não são os dons naturais, mas o uso que deles se faz.",
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Grupo B
a) o enunciador apresenta uma ideia de novidade.
b) o enunciador expressa uma ideia de uma acção a realizar.
c) o enunciador introduz aspectos acessórios relativamente ao tópico que se encontra a tratar.
d) o enunciador traduz uma ideia do fluir do tempo.
e) o enunciador expressa uma ideia de simultaneidade.
f) o enunciador introduz uma ideia de contraste.
g) o enunciador traduz uma ideia de conclusão.
h) o enunciador introduz uma enumeração em que todos os elementos têm estatuto semelhante.

3. Identifique as afirmações verdadeiras (V) e as afirmações falsas (F), justificando as falsas.
a) Na expressão “o que é moral e imoral”, as palavras destacadas são antitéticas.
b) A expressão destacada em "os homens são iguais em dignidade." é um predicativo de sujeito.
c) "Esta noção de igual dignidade de todos os seres humanos põe a liberdade como fundamento moral.” contém uma comparação.
d) “desigualitária” é uma palavra derivada por prefixação.
In Preparação para Testes e Exame Nacional de Português, Sebenta Editora
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Grupo III
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“Dá-me o telemóvel, já!”

1.1. Partindo deste episódio lamentável que nos invadiu a casa de todas as formas e feitios, elabore uma dissertação sobre o estado deplorável do ensino em Portugal (segundo alguns entendidos ou que têm a mania que são entendidos), procurando detectar as causas e apontar possíveis soluções. Para fundamentar o seu ponto de vista, recorra, no mínimo, a dois argumentos, ilustrando cada um deles com, pelo menos, um exemplo significativo.

sábado, abril 12, 2008

Estrutura do teste de avaliação 17/4/2008

Grupo I - 100 pontos;
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Grupo II - 50 pontos;
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Grupo III – 50 pontos .
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GRUPO I
. A) 1. Um texto da obra Felizmente Há Luar! de Luís Sttau Monteiro:
1.1. Perguntas de interpretação:
a) Contextualização na estrutura do texto dramático a que pertence;
b)Explicação e interpretação de sentidos textuais e de símbolos específicos, tendo em conta a globalidade da obra a que pertence;
c) Caracterização das personagens, tendo como referência o texto apresentado e articulando com outros excertos (quando solicitado)
d) Identificação de figuras de estilo, justificando o seu valor expressivo.
e) Explicitação das categorias e dos elementos estruturantes do texto dramático, enquanto veiculadores de sentidos na peça teatral estudada.
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B) 2. Produção de um texto (sessenta a cento e vinte palavras) sobre o Felizmente Há Luar!, partindo de uma imagem ou de um comentário.
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Grupo II
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1. Texto informativo
  • Questões sobre funcionamento da língua: articuladores do discurso e respectiva classificação; análise frásica ( frase simples/frase complexa; frase finita/frase não finita; coordenação/subordinação); funções sintácticas; actos ilocutórios; expressões deícticas.
  • Exercício de coesão e coerência textual, respeitando os princípios de não contradição, não tautologia (tautologia – informações que repetem em termos idênticos ou equivalentes aquilo que já foi dito, não acrescentando nada de novo), da relevância, da continuidade temática e da progressão semântica

GRUPO III

  • Produção de um texto de reflexão, de acordo com as directrizes apresentada;
  • É obrigatória a apresentação de um plano-guia.

sexta-feira, abril 11, 2008

"Felizmente Há Luar!" de Luís Sttau Monteiro


A acção de Felizmente Há Luar! passa-se nos primeiros anos do séc. XIX, no início das lutas liberais, e serve de pretexto, a Sttau Monteiro, para denunciar o presente através da metáfora do passado. Escrita em 1958, no contexto social e político do Estado Novo, pretende retratar um tempo de opressão e adquire uma função didáctica, permitindo-nos o conhecimento da história do país e advertindo-nos para os problemas de um sistema repressivo e sua prevenção.
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Material de estudo
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Teste os seus conhecimentos
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